Descrever a realidade de pacientes que vivem com urticária crônica espontânea (UCE) é essencial, especialmente quando se trata do acesso ao tratamento no Sistema Único de Saúde (SUS). O caso de Ana Caroline Ferreira da Silva, uma dentista de 27 anos, ilustra as dificuldades enfrentadas por muitos brasileiros que sofrem dessa condição. Desde os três anos, Ana Caroline vive com crises que causam dor e desconforto, mas o diagnóstico correto só veio muitos anos mais tarde. Essa realidade se reflete em milhares de outras pessoas que também lutam contra a invisibilidade da doença e pela sua qualidade de vida.
A UCE é uma condição inflamatória crônica que se manifesta de forma imprevisível, gerando reações alérgicas severas. Os pacientes frequentemente enfrentam crises repentinas de coceira insuportável, inchaços e outros sintomas físicos que impactam diretamente suas rotinas. Sem tratamento adequado, muitos pacientes acabam isolados em suas casas, privados de desfrutar plenamente da vida.
A experiência dolorosa do diagnóstico tardio
O relato de Ana Caroline não é único. A maioria dos pacientes com UCE já percorreu um longo caminho de diagnósticos errôneos e tratamentos inadequados. Antes de compreender que a causa de seu sofrimento era a UCE, muitas pacientes tentam diversas alternativas, desde dietas restritivas até medicamentos com antialérgicos e corticoides, que muitas vezes não oferecem o alívio esperado. Essa jornada pode ser desgastante e leva a um estado de angústia e frustração, especialmente ao perceber que as soluções continuam fora de alcance.
O diagnóstico tardio pode não só agravar os sintomas, mas também comprometer a saúde mental do paciente. Muitos se sentem incompreendidos, e a falta de um suporte adequado pode gerar sentimentos de isolamento e desespero. O impacto amplifica-se, especialmente nas fases mais jovens da vida, quando o indivíduo está em busca de oportunidades e experiências novas.
Desafios no acesso ao tratamento pelo SUS
Pacientes com urticária crônica sofrem sem tratamento adequado pelo SUS. Esta afirmação é uma realidade que se repete em diversas regiões do Brasil, onde a falta de políticas públicas específicas para a UCE resulta em um ciclo vicioso de judicialização e espera por medicamentos. O acesso à medicação moderna, como o omalizumabe, é um exemplo claro desse desafio. Apesar de ser uma opção eficaz na maior parte dos casos, o custo elevado do tratamento — que pode alcançar R$ 4 mil por seringa — limita sua disponibilidade. Muitos pacientes são forçados a recorrer à Justiça, enfrentando longos períodos de espera para garantir o acesso ao que é considerado vital para sua saúde.
Os custos de uma doença não controlada
Não apenas os custos diretos do tratamento impactam os pacientes e a sociedade, mas os custos indiretos, como consultas frequentes e internações, também devem ser levados em conta. A ausência de um protocolo clínico que guie o tratamento para a UCE aumenta a carga financeira sobre o SUS. Além de expor os pacientes a um tratamento fragmentado e muitas vezes ineficaz, a falta de um modelo claro de assistência perpetua a judicialização, desviando recursos que poderiam ser melhor empregados.
Como ressaltou a médica alergista Elisângela Aparecida Galdino Menezes, a falta de um fluxo assistencial adequado não apenas impacta a vida dos pacientes, mas também gera um ônus aos cofres públicos, que precisam arcar com um tratamento menos eficiente e, portanto, mais oneroso. Ela propôs a criação de um grupo de trabalho para elaborar um protocolo clínico que poderia aumentar a eficiência do tratamento e reduzir custos consideráveis para o SUS.
A luta por direitos e dignidade
A voz dos pacientes precisa ser amplificada, e o esforço para garantir que as necessidades dessas pessoas sejam atendidas não pode ser ignorado. Mobilizações por políticas que tratem a UCE como uma questão de saúde pública são essenciais para trazer mudanças. A deputada Lud Falcão, ao apresentar propostas para a elaboração de um protocolo de tratamento, se coloca como um canal para dar visibilidade ao problema, mas o caminho ainda é longo.
As instituições têm um papel vital em promover o debate e a educação sobre a doença, neste ponto, criar consciencialização nos meios médico e político é crucial. Profissionais de saúde devem receber capacitação adequada para realizar diagnósticos corretos e eficazes. Um diagnóstico precoce e bem orientado pode mudar a trajetória da doença na vida do paciente, evitando que uma situação tão angustiante como a de Ana Caroline se torne a norma.
Pacientes com urticária crônica sofrem sem tratamento adequado pelo SUS
A realidade de quem vive com UCE é repleta de desafios, e a falta de um tratamento adequado pelo SUS é o mais gritante deles. As histórias, como a de Ana Caroline, evidenciam a urgência por uma mudança. Nenhum paciente deve ser obrigado a lutar contra seu próprio corpo em silêncio, e todas as pessoas devem ter acesso à assistência necessária e digna.
Perguntas frequentes
Quais são os principais sintomas da urticária crônica espontânea?
Os principais sintomas incluem coceira intensa, inchaço nas mãos e pés, e erupções cutâneas.
Como é feito o diagnóstico de urticária crônica?
O diagnóstico é feito através da avaliação clínica dos sintomas e da exclusão de outras condições que possam causar sintomas semelhantes.
Qual é o tratamento mais eficaz para UCE?
O tratamento mais eficaz frequentemente inclui o uso de anti-histamínicos e, em casos mais graves, medicamentos imunobiológicos como o omalizumabe.
A UCE pode desaparecer sozinha?
Embora a UCE possa entrar em remissão espontaneamente, a tendência é que a condição persista sem tratamento.
Qual o papel do SUS no tratamento da UCE?
O SUS deveria fornecer acesso a tratamentos adequados, mas hoje muitos pacientes se veem obrigados a buscar soluções por vias judiciais devido à falta de um protocolo claro.
O que a sociedade pode fazer para ajudar pacientes com UCE?
A sociedade pode apoiar iniciativas que visem aumentar a conscientização, além de pressionar por políticas públicas que assegurem acesso ao tratamento e diagnóstico adequado.
Conclusão
Nesse mundo cheio de incertezas, é incompreensível que as pessoas que vivem com urticária crônica não tenham o suporte que precisam. O caso de Ana Caroline é um reflexo do que precisa ser mudado, e cada voz que se levanta em defesa desses pacientes é um passo rumo à dignidade e ao respeito que todos merecem. Precisamos, como sociedade, garantir um futuro onde a saúde e o bem-estar sejam prioridades, não apenas promessas.

Olá, meu nome é Gabriel, editor do site ConecteSUS.org, focado 100%. Olá, meu nome é Gabriel, editor do site ConecteSUS.org, focado 100%
