A cada semana, um idoso em BH é abandonado em um leito do SUS
O cenário do abandono de idosos em unidades hospitalares, especialmente em Belo Horizonte, é um tema preocupante e que clama por atenção. Relatos como o de Nair, uma idosa de 72 anos, revelam a dura realidade enfrentada por muitos que, apesar de terem uma família e condições financeiras, acabam sozinhos em leitos de hospitais. Essa situação não é um caso isolado; é uma tendência alarmante que tem se intensificado, exigindo uma análise aprofundada e ações efetivas para a mudança.
Na capital mineira, o Sistema Único de Saúde (SUS) aponta uma média de um idoso abandonado em leitos hospitalares a cada semana. De janeiro até metade de junho de 2023, 23 idosos foram deixados para trás após receberem alta, apenas em unidades de saúde da cidade. Isso representa uma taxa quase equivalente à média anual de 2022 a 2024, levando as autoridades a questionar o que pode estar por trás dessa crescente onda de abandono.
Os dados revelam um quadro desolador: as instituições de saúde estão enfrentando um aumento no número de idosos que permanecem internados, mesmo após estarem prontos para a alta. Isso ocorre devido a uma dificuldade em encontrar acompanhantes que possam cuidar deles, resultando na criação de uma verdadeira “cultura do abandono” que prejudica não apenas a saúde física, mas também o bem-estar emocional e mental dos idosos.
A realidade de um idoso abandonado em BH
A história de Nair é um exemplo eloquente dessa condição. Após sua hospitalização, ninguém foi buscá-la. Encarcerada por 52 dias, sem ninguém para ajudá-la a retornar ao seu lar, sua situação só foi resolvida quando as autoridades intervieram. Essas histórias são mais comuns do que se imagina. Ao visitar hospitais, profissionais relatam a presença de vários idosos, muitas vezes em condições emocionais debilitadas, manifestando o desejo de retornar para suas casas, mas sem ninguém para ajudá-los.
A pesquisa realizada pelo jornal O TEMPO revela que na Santa Casa de Belo Horizonte, 16 idosos estão alojados em leitos, alguns há meses. O princípio de empatia e cuidado que deveria estar presente na sociedade parece estar ausente, resultando em um ciclo de descaso em que os mais vulneráveis são deixados de lado.
As instituições comprometidas, como o Recanto Feliz São Francisco de Assis, estão se esforçando para acolher e apoiar esses idosos, mas as dificuldades financeiras enfrentadas por muitos deles se complicam ainda mais quando se trata de encontrar um lugar seguro onde possam ser atendidos. Apesar do esforço coletivo, a situação exige uma mudança sistêmica que aborde não apenas os aspectos materiais, mas também o cuidado emocional e a dignidade de vida dos idosos.
Problemas enfrentados pelo SUS
O Sistema Único de Saúde enfrenta um grande desafio. Muitos idosos que deveriam ser atendidos em casa ou em unidades de acolhimento acabam ocupando leitos de hospitais por períodos prolongados. Essa “desospitalização” é um aspecto necessário a ser abordado. Conforme a diretora executiva do Hospital Metropolitano Dr. Célio de Castro, Cristina Peixoto, permanecer internado em um hospital pode levar a problemas sérios de saúde mental, como depressão, e agravar as condições pré-existentes.
A realidade é que muitos destes idosos, enfraquecidos e sem apoio familiar, se tornam dependentes dos serviços de saúde, sobrecarregando um sistema já vulnerável. Uma mudança de perspectiva é urgente. É preciso implementar políticas públicas que priorizem o acolhimento, não apenas em termos físicos, mas também emocionais, possibilitando que esses cidadãos vivam com dignidade até o final de suas vidas.
Abordagens e soluções para o abandono de idosos
A resposta do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) tem sido a realização de reuniões com instituições e órgãos públicos para buscar soluções. O objetivo é promover a recuperação de pacientes que estão sem cuidados e evitar que isso se torne uma prática comum. Um aspecto fundamental dessas discussões é a criação de ambientes híbridos, que funcionem como uma ponte entre hospital e lar, permitindo uma transição mais suave para os pacientes.
Além disso, as ILPIs (Instituições de Longa Permanência para Idosos) são uma alternativa em expansão, mas, conforme apontado por Sandra Ferreira, diretora da Alta Complexidade do Sistema Único de Assistência Social, a rede de serviços ainda não é suficiente para atender a demanda crescente. Com apenas 906 vagas disponíveis na cidade e a realidade de que os serviços são limitados, a cooperação e a força-tarefa entre setor público e privado são essenciais.
Para que essas soluções sejam efetivas, é necessário que a sociedade civil se mobilize para sensibilizar e apoiar iniciativas que garantam a dignidade e os direitos dos idosos. O caminho para enfrentamento desse problema passa pela sensibilização da população, que deve ser instigada a contribuir de forma ativa, seja através do voluntariado, do apoio a instituições ou mesmo por meio de iniciativas de acolhimento familiar.
A importância do acolhimento e reintegração social
O acolhimento é uma etapa crucial para os idosos que passaram por essa experiência dolorosa. Ao serem acolhidos, eles não apenas encontram um espaço físico seguro, mas também recebem apoio emocional que faz toda a diferença em suas vidas. O contato social, as atividades recreativas e o apoio psicológico são componentes que favorecem a reintegração desses indivíduos ao convívio social.
Programas que incentivam a convivência entre idosos e jovens, por exemplo, podem criar uma ponte geracional que traz benefícios mútuos. Os mais jovens aprendem com a sabedoria dos idosos e estes, por sua vez, se sentem mais conectados e valorizados dentro da sociedade.
Perguntas frequentes
Com que frequência os idosos são abandonados em hospitais em BH?
A cada semana, um idoso é abandonado em um leito do SUS em Belo Horizonte.
Por que as famílias abandonam os idosos?
As razões podem incluir a fragilidade das estruturas familiares, problemas financeiros, ou a incapacidade de cuidar.
O que o SUS está fazendo para resolver este problema?
O SUS, junto com o Ministério Público, está promovendo reuniões para identificar soluções de acolhimento e desospitalização.
Quais instituições podem acolher idosos abandonados?
Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPIs) e casas de acolhimento são alternativas.
Qual o impacto emocional do abandono na saúde dos idosos?
O abandono pode levar a problemas sérios de saúde mental, como depressão, e agravar condições de saúde preexistentes.
Como a sociedade pode ajudar a minimizar esse abandono?
Através do voluntariado, do envolvimento em instituições de apoio a idosos e da sensibilização sobre a importância do cuidado e acolhimento.
Conclusão
A cada semana, um idoso em BH é abandonado em um leito do SUS. Essa realidade angustiante evidencia a urgência de ações coordenadas e eficazes para proporcionar dignidade aos mais velhos em nossa sociedade. Cabe a nós, enquanto sociedade, refletir sobre como estamos tratando aqueles que têm tanto a oferecer e lembrar que cada idoso merece respeito, cuidado e um lugar no seio da família e da comunidade. Uma jornada de mudança precisa ser trilhada, e cada um de nós pode fazer a diferença.

Olá, meu nome é Gabriel, editor do site ConecteSUS.org, focado 100%. Olá, meu nome é Gabriel, editor do site ConecteSUS.org, focado 100%