O câncer de mama é uma das doenças que mais afeta mulheres no Brasil e no mundo. Diante dessa realidade alarmante, as técnicas cirúrgicas têm evoluído para proporcionar não apenas a cura da doença, mas também qualidade de vida para as pacientes. Nos últimos anos, temos observado um avanço significativo nas cirurgias conservadoras, que buscam remover o tumor e preservar a saúde da mama, mudando o perfil do tratamento do câncer de mama no Sistema Único de Saúde (SUS).
Neste artigo, vamos explorar as particularidades dessas intervenções, os desafios enfrentados, as desigualdades regionais e os recentes avanços nas diretrizes de saúde. Nosso foco será no papel fundamental das cirurgias conservadoras, que representam uma verdadeira revolução no tratamento do câncer de mama, oferecendo esperanças e resultados positivos para muitas mulheres.
Avanço das cirurgias conservadoras marca novo perfil do tratamento do câncer de mama no SUS
O crescente reconhecimento da importância das técnicas conservadoras no tratamento do câncer de mama é um tema de grande relevância. As cirurgias como setorectomias e quadrantectomias ganharam destaque nos registros da Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica (SBCO). Entre 2019 e 2024, mais de 175 mil cirurgias foram realizadas pelo SUS, e cerca de 68% delas foram conservadoras. Esse percentual representa um grande avanço, pois demonstra a tendência dos especialistas em priorizar abordagens menos invasivas, minimizando os riscos e preservando a estética das pacientes.
Um ponto crucial é o crescente número de casos diagnosticados em estágios iniciais, o que permite a adoção dessas técnicas. Segundo o presidente da SBCO, Rodrigo Nascimento Pinheiro, essas mudanças refletem não apenas uma evolução na prática médica, mas também um aprimoramento nos diagnósticos realizados no Brasil. Ao preservar a glândula mamária, as pacientes podem alcançar melhores resultados estéticos e funcionais, com uma recuperação mais rápida.
Mas o que exatamente são essas técnicas conservadoras? A setorectomia envolve a remoção de apenas a parte da mama que contém o tumor, enquanto a quadrantectomia remove um quadrante da mama. Ambas as opções são eficazes e podem ser complementadas com radioterapia, apresentando resultados satisfatórios em termos de controle da doença e qualidade de vida.
Desafios na implementação das técnicas conservadoras
Apesar do avanço, ainda existem barreiras a serem enfrentadas, especialmente nas regiões Norte e Nordeste do Brasil. Um estudo da SBCO demonstrou que a maior parte das cirurgias conservadoras é realizada em estados com mais infraestrutura hospitalar, como São Paulo e Minas Gerais. Em contraste, estados como Amapá e Roraima registram números significativamente mais baixos.
Essas desigualdades são alarmantes, pois em regiões onde o acesso ao diagnóstico e ao tratamento é limitado, as mulheres tendem a buscar atendimento apenas quando a doença já está em estágio avançado. Nesse cenário, a chance de se submeter a a uma cirurgia conservadora diminui drasticamente, visto que o tratamento pode exigir uma abordagem mais agressiva, como a mastectomia, que envolve a remoção completa da mama.
Para mudar esse panorama, é vital que o sistema de saúde brasileiro amplie o acesso a serviços médicos de qualidade. A SBCO já enfatizou a importância de fortalecer a rede de oncologia nas regiões menos desenvolvidas, estabelecendo centros de referência que possam oferecer tratamentos adequados e com o suporte necessário.
Retomada das cirurgias pós-pandemia
A pandemia da Covid-19 teve um impacto profundo nos serviços de saúde em todo o mundo, e o Brasil não ficou imune a isso. Em 2020, o SUS registrou uma queda significativa no número de cirurgias oncológicas, uma redução de cerca de 30% em relação ao ano anterior. A prioridade dada ao atendimento de pacientes com Covid-19 levou ao adiamento de procedimentos eletivos, incluindo cirurgias para câncer de mama, o que certamente contribuiu para o aumento da mortalidade em casos já diagnosticados.
Entretanto, a recuperação começou a ser observada a partir de 2022. Em 2024, o SUS alcançou um total de 32,1 mil cirurgias, um crescimento que demonstra a capacidade de adaptação e resiliência do sistema de saúde. Esse retorno é crucial para garantir que as mulheres continuem a ter acesso ao tratamento cirúrgico que necessitam, especialmente as que buscam cirurgias conservadoras.
Além disso, a implementação de novas diretrizes do Ministério da Saúde, que ampliam o rastreamento do câncer de mama e garantem uma linha de cuidado para mamografias, pode contribuir significativamente para a identificação precoce da doença. A detecção em fases iniciais possibilita opções de tratamentos menos invasivos e com melhores prognósticos.
A nova diretriz do Ministério da Saúde e suas implicações
Em setembro de 2024, o Ministério da Saúde divulgou uma nova diretriz que altera a faixa etária do rastreamento ativo para mulheres a partir dos 40 anos. Essa mudança é um passo importante para garantir que mais mulheres sejam submetidas a mamografias de rotina, mesmo sem sintomas aparentes da doença. O modelo de “rastreamento sob demanda” permite que os profissionais de saúde orientem as pacientes sobre os benefícios e limitações de realizar exames, promovendo uma abordagem mais colaborativa.
Esse fortalecimento na política de saúde tem como objetivo reduzir a mortalidade e aumentar a sobrevida das pacientes, garantindo que um maior número de diagnósticos precoces seja realizado. A importância da detecção precoce, aliados a hábitos saudáveis, como manter um peso adequado e praticar atividades físicas, pode contribuir de forma significativa na redução do risco de câncer de mama.
Importância do autoexame e prevenção
Embora as tecnologias de diagnóstico tenham avançado, o autoexame continua sendo uma ferramenta valiosa. A autoavaliação regular permite que as mulheres conheçam melhor seus corpos e estejam atentas a possíveis alterações. Alterações na textura da pele, secreções anormais e retracções podem ser sinais de alerta que necessitam de avaliação médica.
Conscientizar as mulheres sobre o autoexame e a importância de consultas ginecológicas regulares pode ter um impacto direto na detecção precoce do câncer de mama. Medidas simples de prevenção, juntamente com o apoio da saúde pública, podem salvar vidas.
Perguntas frequentes
Como as cirurgias conservadoras afetam a qualidade de vida das pacientes com câncer de mama?
As cirurgias conservadoras, como setorectomias e quadrantectomias, visam remover o tumor enquanto preservam a maior parte da mama, aumentando a autoestima e promovendo recuperação mais rápida.
Quais são os principais tipos de cirurgia conservadora?
Os principais tipos incluem a setorectomia, que remove apenas a parte afetada da mama, e a quadrantectomia, que retira um quadrante. Ambas têm resultados eficazes no controle da doença.
É possível identificar câncer de mama só por meio de autoexames?
Embora o autoexame seja importante, ele não substitui a mamografia. Muitas alterações podem não ser percebidas até que um exame de imagem seja realizado.
Como está a situação das cirurgias conservadoras no Brasil?
As cirurgias conservadoras estão em ascensão no SUS, representando cerca de 68% das operação realizadas, mas ainda enfrentam desigualdades regionais significativas.
Quais são as novas diretrizes do Ministério da Saúde?
A nova diretriz amplia o rastreamento para mulheres a partir dos 40 anos e introduz o modelo de rastreamento sob demanda para promover um diagnóstico mais eficaz.
Qual a importância do diagnóstico precoce?
O diagnóstico precoce aumenta significativamente as chances de cura e permite que tratamentos menos invasivos sejam utilizados.
Considerações finais
O avanço das cirurgias conservadoras marca um novo perfil do tratamento do câncer de mama no SUS, refletindo uma real mudança na abordagem ao câncer. Isso não apenas representa um avanço nos procedimentos cirúrgicos, mas também é um sinal de esperança para muitas mulheres que enfrentam essa batalha. À medida que o sistema de saúde evolui, a união entre a detecção precoce, as novas diretrizes e o acesso mais equitativo pode transformar a luta contra o câncer de mama em uma conquista de vida para milhares de brasileiras. Com conhecimento e suporte adequados, é possível superar os desafios e garantir um futuro mais saudável para todas.

Olá, meu nome é Gabriel, editor do site ConecteSUS.org, focado 100%. Olá, meu nome é Gabriel, editor do site ConecteSUS.org, focado 100%