Epidemia dos jogos! Vício em apostas provoca alta de atendimentos no SUS

Epidemia dos jogos! Vício em apostas provocam alta de atendimentos no SUS

Nos últimos anos, o mundo das apostas tem se expandido de forma acelerada, impulsionado pela regulamentação dos sites de apostas no Brasil e pelo aumento da adesão a essas plataformas, especialmente entre os jovens. Com esse crescimento, lamentavelmente, surgiram preocupações sérias relacionadas ao vício em jogos. As estatísticas do Sistema Único de Saúde (SUS) revelam um aumento alarmante nas consultas ambulatoriais devido ao “transtorno do jogo” e à “mania de jogos de aposta”. Este fenômeno é alarmante e pede uma reflexão profunda sobre os impactos sociais e de saúde pública que as apostas estão trazendo para a sociedade brasileira.

O que leva ao vício em apostas?

O vício em jogos de aposta se encontra enraizado em uma combinação de fatores psicológicos, sociais e comportamentais. Muitas pessoas que se tornam dependentes de apostas frequentemente estão em busca de uma forma de escape, seja por questões emocionais, financeiras ou sociais. A natureza viciante do jogo, combinada com a liberação de dopamina, neurotransmissor ligado ao prazer, pode fazer com que os indivíduos busquem continuamente mais dessa “alta”.

O aumento da acessibilidade aos jogos online tem sido um convite para muitos, que veem essas atividades como uma forma rápida de ganhar dinheiro. No entanto, essa percepção é enganosa e pode levar a consequências severas. A dependência não afeta apenas o jogador, mas também sua família e seu círculo social, criando um efeito dominó de dificuldades emocionais e financeiras.

Dados alarmantes do SUS

Os números de atendimentos ao SUS relacionados ao vício em apostas são preocupantes. Em 2018, o sistema registrou apenas 111 casos. No entanto, em um espaço de um ano, esse número saltou para 1.292 atendimentos. O Ministério da Saúde, através do ministro Alexandre Padilha, adverte que esses números ainda podem estar subnotificados. O Tribunal de Contas da União (TCU) também destacou a escassez de mecanismos de detecção precoce de dependências, o que pode resultar numa minimização dos problemas enfrentados pelos apostadores.

Regulamentações necessárias

Padilha defende que as plataformas de apostas devem ser regulamentadas de forma rigorosa, semelhante àquela aplicada ao tabaco. O objetivo é proteger os jogadores ao impor restrições à publicidade e conscientizar sobre os riscos associados. Além disso, ele sugere que as próprias plataformas implementem mecanismos que possam orientar os jogadores em relação ao uso responsável dos serviços, como alertas quando o tempo de jogo se torna excessivo.

Um aspecto central dessa discussão é a educação. A sensibilização sobre os riscos e a oferta de recursos de apoio são essenciais na luta contra essa epidemia de jogos e vícios. Portanto, é crucial que as plataformas ajudem na prevenção, alertando seus usuários sobre os sinais de dependência e sugerindo que procurem ajuda quando necessário.

A juventude e o auge das apostas

Uma pesquisa realizada pelo DataFolha indica que aproximadamente 15% da população brasileira já se dedicou ao ato de apostar, refletindo uma tendência crescente entre os jovens, incluindo beneficiários do Bolsa Família. Este dado é alarmante, pois adolescer jovens em situação de vulnerabilidade pode amplificar as crises financeiras e emocionais, levando a um ciclo vicioso de dependência.

Além disso, essa situação se agrava quando consideramos o uso generalizado de smartphones, que permite acesso ilimitado a sites de apostas. Os jovens, muitas vezes menos equipados para lidar com a pressão social e os riscos psicológicos envolvidos, tornam-se alvos fáceis para a indústria de jogos.

Intervenções propostas pelo governo

Em resposta a esse cenário, o governo anunciou a criação de um grupo de trabalho interministerial, envolvendo as pastas de Saúde, Fazenda e Comunicação Social, com o objetivo de desenvolver um plano abrangente para a saúde mental e a prevenção do jogo problemático. Essa iniciativa busca unir forças e tornar mais efetivas as ações voltadas para a prevenção e tratamento da dependência em jogos.

Enviar pelo WhatsApp compartilhe no WhatsApp

O ministro Alexandre Padilha enfatiza a importância de capacitar profissionais de saúde para atender aqueles que enfrentam problemas relacionados ao jogo, mas até o momento, faltam prazos e diretrizes claras, o que gera incertezas sobre a implementação dessas iniciativas.

Educação e prevenção: chaves para o sucesso

Dentro desta abordagem, a educação desempenha um papel fundamental. Informar jovens e adultos sobre os riscos associados aos jogos e fornecer estratégias de gestão do comportamento pode ajudar a conter a epidemia dos jogos. Além disso, a implementação de campanhas educativas nas escolas e comunidades é uma forma eficaz de disseminar informação e combater o estigma associado ao vício.

Conversei com um especialista em saúde mental que destacou que a prevenção e o tratamento de dependências devem começar desde cedo. “O diálogo familiar é crucial. Pais e responsáveis devem se sentir à vontade para discutir com jovens sobre os riscos das apostas”, enfatizou o especialista.

Perguntas Frequentes

Como posso identificar se alguém próximo tem um problema com jogos de aposta?

  1. Observe comportamentos de isolamento, mudanças de humor e compulsão por jogos.

O que fazer se eu ou alguém próximo estiver lidando com esse vício?

  1. Procurar ajuda profissional é essencial. Centros de apoio e terapeutas especializados podem oferecer suporte adequado.

As plataformas de apostas têm alguma responsabilidade em educar seus usuários?

  1. Sim, os sites devem promover campanhas de conscientização e alertar sobre os riscos associados às apostas.

Quais são os sinais de alerta que indicam um problema com jogos de apostas?

  1. Preocupações financeiras, ocultação de atividades e aumento do tempo gasto apostando são sinais comuns.

Existem tratamentos específicos para o vício em jogos?

  1. Sim, terapias comportamentais, grupos de apoio e intervenções psicológicas são métodos eficazes de tratamento.

Qual é o papel do governo na regulamentação das apostas?

  1. O governo deve estabelecer regras rigorosas para proteger os consumidores e garantir que ações de prevenção e tratamento sejam eficientemente implementadas.

Conclusão

A epidemia dos jogos e o vício em apostas têm se mostrado um problema crescente que afeta não apenas os usuários, mas toda a sociedade. A realidade de que o Sistema Único de Saúde registrou um aumento significativo em atendimentos relacionados a esses transtornos é um sinal claro de que medidas urgentes precisam ser tomadas. A abordagem deve ser multifacetada, envolvendo regulamentações mais rigorosas, educação, e consciência social. Enquanto o país busca soluções, é importante que cada um de nós compreenda o impacto que essas atividades podem causar e participe ativamente na luta contra essa epidemia. Com informação e apoio, é possível transformar essa realidade e oferecer um futuro mais saudável e equilibrado para todos.