Justiça proíbe exigência de acompanhante para internação psiquiátrica pelo SUS

Pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) que necessitarem de internação psiquiátrica não precisarão mais da presença de acompanhantes, conforme decisão recente da Vara das Fazendas Públicas de Anápolis. Essa mudança representa um avanço significativo nos direitos dos cidadãos, especialmente para aqueles que estão em situações vulneráveis. A determinação é fruto de um pedido de urgência do Ministério Público de Goiás (MPGO), que percebeu a necessidade urgente de garantir a dignidade e a saúde dos pacientes.

O que motivou essa decisão foi a exigência do Instituto de Medicina do Comportamento Eurípedes Barsanulfo (Inmceb) de que acompanhantes estivessem presentes para a realização de internações, um custo que recaiu sobre instituições de acolhimento ou mesmo sobre o poder público. Essa prática gerava um ônus significativo para aqueles que já enfrentavam dificuldades em acessar o tratamento necessário para suas condições de saúde mental.

O Impacto da Decisão Judicial: Uma Questão de Dignidade e Direitos Humanos

A liminar concedida pelo juiz Gabriel Consigliero Lessa destaca a importância de garantir o acesso ao tratamento sem barreiras adicionais, como a exigência de acompanhantes. Essa decisão beneficia não apenas adultos, mas também crianças, adolescentes, idosos e pessoas com deficiência que se encontram em situação de vulnerabilidade, abandono ou negligência. Para esses grupos, a presença de um acompanhante pode ser crucial, mas a exigência anterior da reforma impede que muitos tenham acesso aos serviços de saúde mental.

Marcos de Freitas, promotor do MPGO, reconhece que a prática de exigir acompanhantes fere preceitos constitucionais, como aqueles presentes no Estatuto da Criança e do Adolescente, no Estatuto do Idoso e na Lei da Pessoa com Deficiência. Essas legislações visam assegurar que todos tenham acesso igualitário aos serviços de saúde e possam viver com dignidade.

A decisão da Justiça, portanto, não se limita apenas ao aspecto prático da internação psiquiátrica, mas aborda a questão dos direitos humanos em um nível fundamental. A saúde mental é parte integrante do bem-estar geral, e a omissão do Estado em garantir acesso a esses serviços, sem exigências adicionais, é uma violação grave.

A Resolução das Questões Práticas nas Internações Psiquiátricas

Outra questão importante levantada pela decisão judicial é a responsabilidade do Estado e do município em garantir atendimento a pacientes em situações em que a presença de um acompanhante é clinicamente indispensável. Nesse caso, se não houver um familiar disponível, o Estado deve fornecer um profissional capacitado. Essa mudança é fundamental para assegurar que todos os pacientes recebam o cuidado necessário, independentemente de sua situação familiar.

Além disso, a decisão estabelece que, em caso de recusa de internação, as autoridades têm um prazo máximo de 24 horas para garantir uma vaga em outra unidade de saúde, incluindo hospitais da rede privada, que tenham custeio público. Essa determinaçãovisa a proteger os direitos dos pacientes e garantir que sua saúde não seja comprometida por burocracias desnecessárias.

Justiça proíbe exigência de acompanhante para internação psiquiátrica pelo SUS | Rádio São Francisco 97,7FM

Esse cenário de mudanças não pode passar despercebido, pois reflete um avanço no tratamento de saúde mental no Brasil. Pacientes psiquiátricos precisam de um sistema de saúde que reconheça suas necessidades e atenda às exigências de dignidade e respeito. A decisão da Justiça de Anápolis, ao proibir a exigência de acompanhantes para internações, é um passo firme na direção certa, promovendo bem-estar e acessibilidade a todos os cidadãos.

A prática anterior prejudicava não apenas a saúde dos pacientes, mas também complicava o trabalho das instituições de acolhimento e dos familiares, que muitas vezes enfrentam grandes dificuldades financeiras e emocionais. A mudança significa que, a partir de agora, mais pessoas poderão receber o tratamento que precisam sem obstáculos que comprometem sua dignidade.

Enviar pelo WhatsApp compartilhe no WhatsApp

As Implicações Sociais da Nova Decisão

A proibição de exigência de acompanhante para internações psiquiátricas não é apenas uma questão de saúde pública, mas também traz à tona uma série de implicações sociais. O estigma em torno da saúde mental ainda é forte no Brasil, e muitos pacientes enfrentam preconceitos que dificultam a busca por tratamento. Ao tornar acessível o atendimento psiquiátrico, o Estado ajuda a desmistificar essa realidade e encoraja mais pessoas a procurarem ajuda sem medo de serem julgadas.

A exemplo disso, campanhas de conscientização podem ser uma excelente maneira de abordar essas questões, ressaltando a importância do cuidado com a saúde mental e a necessidade de um sistema que acolha todos, independentemente de suas condições financeiras ou sociais. Essa visão de saúde mental inclusiva e desestigmatizada é a que o Brasil precisa cada vez mais.

Perguntas Frequentes

O que motivou a mudança na política de internação psiquiátrica do SUS?
A mudança foi motivada pela decisão judicial que reconheceu que a exigência de acompanhantes fere direitos fundamentais dos pacientes, especialmente crianças, idosos e pessoas com deficiência.

Como essa decisão beneficia pacientes vulneráveis?
Pacientes em situação de vulnerabilidade, abandono ou negligência poderão ter acesso ao tratamento psiquiátrico sem precisar arcar com a presença de acompanhantes, que muitas vezes representam um ônus financeiro.

Quais são as responsabilidades do Estado com a nova decisão?
O Estado deve garantir que, em casos onde a presença de um acompanhante é essencial, um profissional capacitado seja fornecido. Além disso, deve assegurar que as internações sejam realizadas em até 24 horas, caso haja recusa.

A decisão está restrita apenas a Anápolis?
Não, a decisão tem implicações para todas as unidades de saúde do SUS que atendem pacientes psiquiátricos, como hospitais e UPAs.

Como as instituições de acolhimento devem se preparar para essa mudança?
As instituições devem se adaptar às novas normas, entendendo que a responsabilidade de garantir o acolhimento e a saúde dos pacientes devem ser priorizadas pelas autoridades competentes.

Qual a importância dessa decisão dentro do contexto maior da saúde mental no Brasil?
Esta decisão representa um avanço significativo em direção à acessibilidade e dignidade nos cuidados de saúde mental, combatendo o estigma e promovendo a inclusão.

Conclusão

Em suma, a determinação da Justiça que proíbe a exigência de acompanhantes para internação psiquiátrica pelo SUS é um importante passo em direção à dignidade e ao respeito aos direitos humanos. Essa mudança não apenas melhora o acesso ao tratamento para pacientes psiquiátricos, mas também promove um ambiente social mais justo, onde todos têm direito à saúde e ao bem-estar. As instituições, o Estado e a sociedade como um todo precisam continuar a trabalhar em conjunto para garantir que esses avanços se concretizem na prática, transformando a forma como cuidamos da saúde mental no Brasil.