Medicamento de dose única diária tem distribuição ampliada pelo SUS

Com o avanço da medicina e o compromisso contínuo com a saúde pública, os tratamentos para o HIV têm se modernizado e melhorado significativamente ao longo dos anos. Uma das mais importantes inovações recentes nesse campo é a introdução do medicamento em dose única diária, amplamente disponível pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Este progresso reflete não apenas o desenvolvimento farmacêutico, mas também um esforço coletivo para garantir que as pessoas vivendo com HIV (PVHIV) tenham acesso a tratamentos mais eficazes e menos complexos. O Dovato, na combinação de lamivudina e dolutegravir, é um exemplo emblemático dessa mudança.

HIV: Medicamento de dose única diária tem distribuição ampliada pelo SUS

A recente Nota Técnica 214/2024, publicada pelo Ministério da Saúde, trouxe boas notícias para a população, especificamente para aqueles que começaram a terapia com lamivudina e dolutegravir em monofármacos separados. Agora, pessoas a partir de 40 anos que iniciaram esse tratamento até 1º de setembro de 2024 estão aptas a migrar para a dose única, simplificando a rotina de medicação. Antes, apenas quem havia iniciado a terapia até março de 2024 podia realizar essa transição. Essa ampliação é um passo significativo para aumentar a acessibilidade ao tratamento.

O que isso significa na prática? Com a migração, os pacientes que antes precisavam ingerir três comprimidos ao dia, dois de lamivudina e um de dolutegravir, poderão agora tomar apenas um comprimido do Dovato. Essa inovação não só torna o tratamento mais simples e fácil de seguir, mas também têm o potencial de melhorar a adesão ao tratamento. Uma adesão consistente é fundamental para o controle da infecção pelo HIV, que se traduz em melhor qualidade de vida para esses pacientes.

Dovato, desenvolvido pela GSK/ViiV Healthcare em parceria com a Farmanguinhos/Fiocruz, é um dos poucos medicamentos do seu tipo disponíveis atualmente no Brasil. Ele é fornecido gratuitamente pelo SUS, garantindo que as pessoas que vivem com HIV tenham acesso à terapia antirretroviral de ponta sem custos. Isso é um fator positivo em um cenário onde muitos pacientes enfrentam barreiras financeiras para obter medicamentos de alta qualidade.

Um dos destaques dessa nova abordagem é a redução da toxicidade associada ao tratamento. Ao contar com menos antirretrovirais, o risco de efeitos colaterais diminui, garantindo que os pacientes possam viver suas vidas de maneira mais plena e saudável. O Dr. Rodrigo Zilli, infectologista e diretor médico da GSK/ViiV Healthcare, enfatiza que o Dovato não só é uma pílula única muito inovadora como também proporciona uma barreira alta à resistência, o que representa um avanço em relação aos regimes tradicionais de tratamento.

As diretrizes para a migração não são arbitrárias; elas foram cuidadosamente elaboradas para garantir que os pacientes que fazem a transição estejam em uma situação clínica favorável. Os requisitos incluem idade mínima de 40 anos, carga viral indetectável, e um histórico de adesão regular ao tratamento, o que garante que as pessoas que acolhem essa nova possibilidade realmente se beneficiem dela.

Desafios e Oportunidades

Embora as notícias sejam promissoras, é importante reconhecer que o tratamento do HIV ainda enfrenta desafios significativos. Aumentos nas taxas de novos casos de HIV, como os dados recentes que mostram um aumento de 4,5% em 2023 em comparação ao ano anterior, indicam que a educação e a prevenção ainda precisam ser foco prioritário nos esforços do governo e das organizações de saúde.

Adicionalmente, a Nota Técnica também delibera sobre o público que está em uso do chamado “3 em 1”, que inclui tenofovir, lamivudina e efavirenz. Pacientes mais velhos que estiverem nessa terapia por pelo menos um ano podem migrar para o Dovato. Essa chance de transição é especialmente benéfica para aqueles que possuem comorbidades ou que estão lidando com polifarmácia, que se refere ao uso de múltiplos medicamentos, frequentemente para tratar diferentes doenças. Isso minimiza a confusão e o risco de interações medicamentosas.

A situação de produção e distribuição de medicamentos é outro aspecto crítico a ser abordado. O Dovato é produzido em território nacional, o que diminui as lacunas que surgem devido a instabilidades na produção internacional, como mencionado na Nota Técnica. Esse alinhamento nacional é vital para criar um sistema de saúde mais resiliente e garantir que a população tenha acesso contínuo aos tratamentos que necessitam.

Avanços no Tratamento do HIV e Alterações no Cenário Nacional

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A redução significativa da mortalidade relacionada ao HIV, com uma diminuição de 32,9% nos últimos dez anos, é um indicador positivo da eficácia dos programas de tratamento e da conscientização sobre a doença. O conceito de “indetectável = intransmissível” (i=i) é um marco importante que destaca o objetivo central do tratamento: permitir que os pacientes tenham uma carga viral indetectável, evitando assim a transmissão do vírus para outras pessoas. Dr. Zilli afirma que esse conceito é fundamental para o processo de desestigmatização do HIV. À medida que mais pessoas entendem que a infecção pode ser efetivamente controlada, isso pode reduzir o preconceito e o medo associados ao vírus.

A distribuição do medicamento Dovato pelo SUS representa um avanço em direção ao controle mais abrangente da epidemia de HIV no Brasil. Essa mudança não só melhora a qualidade de vida das pessoas que vivem com HIV, mas também promove um ambiente mais inclusivo e consciente sobre a importância do tratamento contínuo.

Com a ampliação das diretrizes de migração e a introdução de novos medicamentos, estamos, sem dúvida, nos aproximando de uma era onde o HIV pode ser gerenciado com eficácia, permitindo que aqueles que vivem com o vírus desfrutem de vidas longas e saudáveis.

Perguntas Frequentes

Como posso saber se sou elegível para a migração para a dose única?
Para ser elegível, você deve ter pelo menos 40 anos, uma carga viral indetectável e ter iniciado a terapia dupla com lamivudina e dolutegravir em monofármacos separados até 1º de setembro de 2024.

O que é o medicamento Dovato?
Dovato é um tratamento antirretroviral em dose única que combina lamivudina e dolutegravir, desenvolvido para facilitar a adesão ao tratamento em pessoas que vivem com HIV.

Posso obter o Dovato se não estiver no SUS?
O Dovato é disponível gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS) para aqueles que atendem aos critérios de elegibilidade, portanto, se você não estiver cadastrado no SUS, será necessário fazê-lo antes de solicitar o medicamento.

Qual é o impacto do Dovato na qualidade de vida dos pacientes?
O Dovato simplifica o regime de tratamento, reduzindo a toxicidade e melhorando a adesão dos pacientes, o que resulta em melhor qualidade de vida e saúde geral.

Existem efeitos colaterais associados ao Dovato?
Como qualquer medicamento, o Dovato pode ter efeitos colaterais, mas, em geral, é considerado menos tóxico por ter uma combinação reduzida de antirretrovirais.

Como posso acompanhar meu tratamento após a migração para o Dovato?
É fundamental manter um acompanhamento regular com seu médico ou equipe de saúde, que pode avaliar sua carga viral e qualquer efeito colateral que você possa estar enfrentando após a mudança de medicação.

Considerações Finais

A distribuição ampliada do medicamento em dose única diária pelo SUS representa um marco na luta contra o HIV no Brasil. Com a nova Nota Técnica 214/2024, facilitamos a vida de muitos pacientes que agora podem ter um tratamento mais simples e menos oneroso. Esperamos que essas mudanças inspirem ainda mais progressos e melhorias no tratamento do HIV, promovendo um mundo mais saudável e menos estigmatizado. O acesso a cuidados de saúde de qualidade é um direito de todos, e o comprometimento do SUS em disponibilizar o Dovato é um passo na direção certa. É com otimismo que olhamos para o futuro, esperando que esses avanços ajudem a transformar a vida das pessoas que vivem com HIV e que, juntos, possamos continuar a batalha contra essa infecção.