O debate sobre a inclusão de medicamentos para obesidade no Sistema Único de Saúde (SUS) ganhou novos contornos nas últimas semanas, especialmente após o senador Nelsinho Trad (PSD-MS) expressar sua indignação em relação ao veto da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias (Conitec), que rejeitou a incorporação de substâncias como semaglutida e liraglutida. Tais medicamentos, popularmente conhecidos como “canetas emagrecedoras”, têm mostrado potencial no tratamento de não apenas a obesidade, mas também do diabetes tipo 2. A recusa da Conitec traz à tona questões cruciais sobre a saúde pública no Brasil e as desigualdades existentes no acesso a tratamentos eficazes.
Desde julho de 2025, Trad já havia se manifestado favoravelmente à inclusão dessas medicações como uma estratégia no combate à epidemia de obesidade e diabetes. Após a decisão negativa, ele voltou a se pronunciar, argumentando que esses medicamentos têm um impacto positivo não apenas na perda de peso, mas também na prevenção de complicações graves, como problemas cardiovasculares, melhorando assim a qualidade de vida dos pacientes. O senador trouxe à mesa um ponto vital: a análise do custo-benefício real. Afinal, quanto o SUS gasta anualmente com internações e tratamentos decorrentes de complicações associadas ao sobrepeso? É fundamental que a discussão se concentre não apenas no custo imediato dos medicamentos, mas nas economias que poderiam ser alcançadas com políticas preventivas.
Senador critica veto ao uso de ‘canetas emagrecedoras’ no SUS
A posição do senador Trad reflete um descontentamento crescente entre profissionais da saúde. A decisão da Conitec gerou reações contundentes da comunidade médica, que alertou sobre o impacto dessa recusa em grupos mais vulneráveis, como mulheres negras e moradoras de comunidades periféricas. O alerta é claro: a falta de acesso a tratamentos eficazes perpetua a desigualdade no sistema de saúde brasileiro.
Organizações como a Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso) e a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) não ficaram caladas. Elas defenderam que os princípios de universalidade e equidade que regem o SUS estão sendo desrespeitados. Atualmente, existem medicamentos aprovados pela Anvisa, mas o seu acesso é limitado a quem pode arcar com os altos custos, o que é uma realidade inaceitável em um sistema que deveria cuidar de todos.
A questão financeira frequentemente é apresentada como justificativa para a negativa da Conitec. De acordo com a entidade, o impacto financeiro da incorporação dos medicamentos poderia chegar a R$ 8 bilhões por ano. Contudo, essa análise ignora os gastos massivos que o Ministério da Saúde já tem com internações e tratamentos de doenças relacionadas à obesidade, como infartos e diabetes. Um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) indica que a obesidade está relacionada a um aumento significativo de complicações e custos para o SUS. Portanto, investir em prevenção pode ser uma estratégia muito mais inteligente e econômica a longo prazo.
Impacto social e econômico da obesidade
A obesidade é uma condição complexa, influenciada por estilos de vida, genética, e, especialmente, por fatores socioeconômicos. O acesso à alimentação saudável e a oportunidades de atividade física frequentemente está restrito a comunidades de maior poder aquisitivo. Por isso, a inclusão de medicamentos como a semaglutida e liraglutida no SUS não deve ser vista apenas sob a ótica financeira, mas também como um imperativo social na luta contra a desigualdade em saúde.
O fato de que a maioria dos tratamentos disponíveis são inacessíveis para aqueles que mais precisam ressalta a urgência de uma reforma no sistema de saúde brasileiro. Os dados mostram que a população mais vulnerável, que é a que mais sofre com a obesidade, é também a que tem menor acesso a tratamento. Essa situação é insustentável e vai de encontro aos ideais de um sistema de saúde que se preze.
O papel da comunidade médica e instituições na luta pela inclusão
A pressão da comunidade médica é vital. Especialistas, como a endocrinologista Maria Fernanda Barca e a pesquisadora Maíra Soliani, têm se manifestado sobre as inúmeras vantagens dos medicamentos que vão muito além da simples perda de peso. Eles possuem o potencial de tratar doenças metabólicas graves e prevenir complicações que poderiam ser evitadas com um atendimento adequado.
A luta dessas entidades não é apenas por uma inovação no tratamento da obesidade, mas sim por um sistema que trate todos os cidadãos de forma igualitária. Há um consenso cada vez maior de que é preciso romper barreiras e levar a questão da obesidade para o centro da discussão de políticas públicas de saúde no Brasil.
Perguntas frequentes
Por que a semaglutida e a liraglutida são conhecidas como “canetas emagrecedoras”?
Esses medicamentos são injetáveis e destacam-se por promoverem a perda de peso em pacientes obesos, além de apresentarem benefícios no controle do diabetes.
Qual é o argumento principal do senador Nelsinho Trad contra o veto?
Ele alega que esses medicamentos não apenas auxiliam na perda de peso, mas também previnem complicações graves, destacando a necessidade de reavaliar os custos associados ao tratamento das doenças resultantes da obesidade.
Quais são os principais riscos associados à recusa da inclusão desses medicamentos no SUS?
A recusa perpetua a desigualdade no acesso a tratamentos de saúde, especialmente entre grupos vulneráveis, além de aumentar os custos com internações devido a complicações relacionadas à obesidade.
Qual a posição das entidades médicas sobre o veto?
As entidades manifestaram forte descontentamento, alegando que a decisão fere os princípios do SUS de universalidade e integralidade, e que é inaceitável que medicamentos comprovadamente eficazes não estejam disponíveis para a população que mais precisa.
O que a comunidade científica diz sobre os benefícios da semaglutida e liraglutida?
Os especialistas destacam que esses medicamentos podem prevenir várias doenças metabólicas, além de melhorar a qualidade de vida dos pacientes.
Como a inclusão desses medicamentos impactaria o SUS a longo prazo?
Investir na prevenção através da inclusão desses medicamentos pode reduzir consideravelmente os gastos com internações e outros tratamentos, resultando em uma economia significativa para o sistema de saúde pública.
A busca por soluções efetivas e a responsabilidade social
O desafio da obesidade no Brasil é uma questão de saúde pública que merece atenção imediata. As reações em torno da recusa da inclusão de tratamentos como a semaglutida e liraglutida no SUS revelam um panorama de inconsistências e desigualdades. Não é apenas uma questão de custo, mas de assegurar o direito à saúde para todos os cidadãos.
As vozes que se levantam contra essa negativa são a expressão de uma sociedade que clama por um sistema de saúde mais justo e acessível. No horizonte, a esperança é de que os decisores políticos reavaliem suas posições e, em vez de agir com cautela, tomem iniciativas que priorizem a saúde da população.
Conclusão
Enquanto o Brasil enfrenta uma crescente epidemia de obesidade e diabetes, iniciativas como as defendidas pelo senador Nelsinho Trad são fundamentais. O veto à inclusão das “canetas emagrecedoras” no SUS não pode ser o fim da discussão, mas um ponto de partida para um movimento mais amplo em favor da saúde pública.
É preciso que as políticas de saúde reflitam as necessidades reais da população e que os investimentos sejam direcionados para soluções que não apenas tratem, mas previnam doenças. O bem-estar da população deve sempre ser a prioridade, e a luta pela inclusão de tratamentos eficazes é um passo crucial nessa direção. Ao garantir acesso equitativo a medicamentos que podem transformar vidas, o Brasil estará não apenas cuidando de sua população, mas também levando a sério o compromisso com a saúde de todos.

Olá, meu nome é Gabriel, editor do site ConecteSUS.org, focado 100%. Olá, meu nome é Gabriel, editor do site ConecteSUS.org, focado 100%

