SUS aplica pela 1ª vez o remédio ‘mais caro do mundo’, de R$ 7 milhões

O onasemnogeno abeparvoveque, conhecido comercialmente como Zolgensma, chegou ao Sistema Único de Saúde (SUS) em março de 2023, marcando um ponto significativo na história da saúde pública brasileira. Este medicamento revolucionário, considerado anteriormente o “remédio mais caro do mundo”, com um custo médio de R$ 7 milhões por dose, agora é acessível a um número limitado de pacientes no Brasil.

Os avanços em terapia gênica são frequentemente vistos como promissores, especialmente para doenças raras que tradicionalmente enfrentam desafios de tratamento. O Zolgensma oferece uma nova esperança para pacientes com Atrofia Muscular Espinhal (AME), uma condição hereditária que afeta a capacidade de movimentar os músculos. O que torna essa terapia ainda mais impactante é que é administrada em uma única dose, ao contrário de muitos outros tratamentos que requerem administração contínua.

SUS aplica pela 1ª vez o remédio ‘mais caro do mundo’, de R$ 7 milhões

A incorporação do Zolgensma ao SUS foi realizada através de um Acordo de Compartilhamento de Risco, estabelecido entre o Ministério da Saúde e a farmacêutica desenvolvedora do medicamento. Esse tipo de acordo é inovador no Brasil e tem como objetivo garantir que o governo só pague pelo medicamento caso os resultados no paciente sejam satisfatórios. Isso representa um passo significativo na forma como o SUS lida com medicamentos de alto custo, refletindo um modelo mais sustentável e responsivo às necessidades dos pacientes.

A implementação desse medicamento no sistema público de saúde promove um impacto social imensurável, visto que oferece uma alternativa de tratamento para uma condição que, até pouco tempo atrás, não tinha opções eficazes. Cabe destacar que apenas 137 doses devem ser aplicadas nos próximos dois anos, e já há 15 pedidos de acesso protocolados, o que indica uma demanda emergente por parte das famílias afetadas por essa condição.

O que é Atrofia Muscular Espinhal (AME)?

A amemia é uma condição neuromuscular que resulta na degeneração das células motoras na medula espinhal, levando à perda progressiva de força muscular e, em casos severos, à morte. A forma mais comum da doença, chamada de AME tipo 1, se manifesta em bebês e é especialmente devastadora, pois os pacientes frequentemente não conseguem alcançar marcos de desenvolvimento motor, como sentar ou engatinhar.

Os pacientes afetados pela AME enfrentam desafios não apenas físicos, mas também sociais e emocionais. O suporte da família e da comunidade é crucial para lidar com os desafios diários impostos pela doença. A introdução do Zolgensma representa não apenas uma esperança terapêutica, mas também um sinal de que a medicina está evoluindo para oferecer soluções mais eficazes e menos invasivas.

Como o Zolgensma Funciona?

A terapia gênica Zolgensma age diretamente na causa da AME. Ao invés de tratar apenas os sintomas, o medicamento introduz uma cópia saudável do gene SMN1, responsável pela produção da proteína necessária para a sobrevivência das células nervosas motoras. Com uma única infusão, o objetivo é restaurar a produção dessa proteína, revertendo, assim, a degeneração muscular em estágio inicial.

O procedimento é realizado através de uma sonda, e os pacientes são acompanhados clinicamente por até cinco anos após a administração. Essa vigilância é crucial para medir a eficácia do tratamento e garantir que qualquer reação adversa seja monitorada e tratada adequadamente.

Análise do Acordo de Compartilhamento de Risco

O Acordo de Compartilhamento de Risco implementado pelo SUS é um modelo que pode mudar o panorama da distribuição de medicamentos caros no Brasil. A ideia é que, ao vincular o pagamento ao sucesso do tratamento, os gestores da saúde pública possam controlar melhor os custos e maximizar o impacto positivo dos investimentos em saúde.

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Esse tipo de abordagem não apenas garante acesso a terapias de ponta, mas também promove uma maior transparência sobre os resultados e efetividades dos tratamentos oferecidos. Com isso, o SUS consegue oferecer soluções que não apenas são eficazes, mas também sustentáveis financeiramente.

Desafios e Perspectivas Futuras

Embora a introdução do Zolgensma seja um passo monumental, ainda existem desafios a serem enfrentados. Um deles é a limitação do número de doses disponíveis, que pode deixar muitos pacientes sem acesso aos tratamentos necessários. Além disso, ainda existe um debate sobre a viabilidade econômica de implementar mais medicamentos de terapia gênica no SUS, considerando os altos custos associados.

A expectativa do Ministério da Saúde é que a incorporação do Zolgensma inspire políticas de saúde mais inclusivas, onde tratamentos de alto custo se tornem acessíveis a todos os cidadãos, independentemente de sua classe social. Essa mudança é essencial para garantir que o SUS cumpra seu papel de garantir saúde universal para todos os brasileiros.

Perguntas Frequentes

Qual é a faixa etária dos pacientes que podem receber o Zolgensma?
O medicamento é indicado para pacientes de até 6 meses de idade que não estejam utilizando ventilação mecânica invasiva por mais de 16 horas por dia.

Como o medicamento é administrado?
O Zolgensma é administrado por meio de uma infusão única, realizada por uma sonda.

Qual é o acompanhamento necessário após o tratamento?
Os pacientes que recebem o Zolgensma devem ser acompanhados clinicamente por até cinco anos pelo serviço responsável pela infusão.

Quantas doses do medicamento estão previstas para serem aplicadas no Brasil?
Serão aplicadas 137 doses do medicamento nos próximos dois anos.

Quais são os outros tratamentos disponíveis para a AME no SUS?
Além do Zolgensma, o SUS oferece nusinersena e risdiplam, que são medicamentos de uso contínuo para evitar a progressão da doença.

Como o SUS garante o investimento em medicamentos caros?
Através do Acordo de Compartilhamento de Risco, o pagamento é condicionado ao resultado do tratamento observado no paciente.

Conclusão

A introdução do Zolgensma ao SUS representa mais do que um passo importantíssimo na luta contra a AME; trata-se de um exemplo de inovação e responsabilidade social na saúde pública brasileira. Com a abordagem de Acordo de Compartilhamento de Risco, o SUS está pavimentando o caminho para um futuro onde todos têm acesso a cuidados de saúde de qualidade, independentemente de seu estado financeiro. Isso não apenas traz esperança aos pacientes, mas também revela o potencial transformador da medicina moderna quando combinada com uma gestão pública eficaz e comprometida.