SUS vai oferecer dois novos tratamentos hormonais para endometriose com eficácia comprovada.

O anúncio recente de que o Sistema Único de Saúde (SUS) vai oferecer dois novos tratamentos hormonais para endometriose representa um marco significativo na luta contra essa condição crônica que atinge milhões de mulheres no Brasil e no mundo. Com a inclusão dos tratamentos que envolvem o Dispositivo Intrauterino liberador de levonorgestrel (DIU-LNG) e o desogestrel, espera-se avançar consideravelmente na qualidade de vida das pacientes que lidam com os sintomas debilitantes da doença.

O que é a endometriose?

A endometriose é uma condição em que o tecido similar ao revestimento do útero cresce fora dele, podendo afetar os ovários, as trompas de falópio e outros órgãos pélvicos. Essa condição crônica, que pode ser extremamente dolorosa, afeta entre 5% e 15% das mulheres em idade reprodutiva no Brasil, segundo dados do Ministério da Saúde. A endometriose não apenas causa dores intensas, mas também pode levar a uma série de complicações, incluindo infertilidade.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que mais de 190 milhões de mulheres no mundo vivam com essa doença, o que pone a endometriose como uma questão de saúde pública importante. A complexidade da condição, junto ao seu impacto psicológico e social, demonstra a necessidade urgente de tratamentos eficazes e acessíveis.

SUS vai oferecer dois novos tratamentos hormonais para endometriose

A promulgação da portaria que anunciou a inclusão de novos tratamentos hormonais no SUS é uma notícia alegre para muitas mulheres. O DIU-LNG é um dispositivo que libera um hormônio conhecido como levonorgestrel, que ajuda a suprimir o crescimento do tecido endometrial fora do útero. Este tipo de tratamento é especialmente benéfico para mulheres que enfrentam dificuldades em utilizar contraceptivos orais combinados.

O desogestrel, por sua vez, é um anticoncepcional hormonal que atua bloqueando a ovulação e, consequentemente, impede o crescimento do tecido endometrial. Esta alternativa se mostra rápida e eficaz, pois pode ser prescrita antes mesmo da confirmação diagnóstica por meio de exames de imagem, permitindo que as mulheres iniciem o tratamento sem demora.

Impactos na qualidade de vida

Ambos os tratamentos visam não apenas a contracepção, mas sim a melhoria da qualidade de vida das pacientes que convivem com a endometriose. Uma das principais queixas das mulheres que têm essa condição são as cólicas menstruais intensas e a dor pélvica, que podem impactar significativamente o dia a dia. Além disso, as alterações intestinais e urinárias frequentemente relacionadas à endometriose podem trazer desconforto e limitações.

A inclusão desses tratamentos no SUS indica um compromisso em oferecer cuidados mais abrangentes e eficazes. O Ministro da Saúde, Alexandre Padilha, enfatizou que essa medida representa um avanço na atualização tecnológica do SUS, alinhando-se às melhores práticas recomendadas pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec). Isso é emblemático, pois demonstra que o governo está levando em consideração as evidências científicas e a necessidade real das mulheres que sofrem com esta condição.

Como funcionam os novos tratamentos?

Para entender melhor como os novos tratamentos propostos pelo SUS podem ajudar na luta contra a endometriose, é crucial analisar tanto o DIU-LNG quanto o desogestrel.

DIU-LNG

O Dispositivo Intrauterino (DIU) que libera levonorgestrel atua como um método contraceptivo, mas seu uso na terapia para endometriose é um marco importante. O DIU é inserido no útero e libera o hormônio de forma contínua, ajudando a prevenir o crescimento excessivo do endométrio e, assim, diminuindo as dores associadas à endometriose.

Este método oferece uma série de vantagens:

  • Duração: O DIU pode permanecer no organismo por até cinco anos, reduzindo a necessidade de intervenções frequentes.
  • Efeito local: Como atua diretamente na região do útero, os efeitos colaterais sistêmicos são minimizados em comparação com outros métodos hormonais mais abrangentes.
  • Redução da menstruação: Muitas mulheres relatam reduções significativas no fluxo menstrual e na intensidade da dor.

Desogestrel

O desogestrel funciona de uma forma ligeiramente diferente. Por ser um anticoncepcional hormonal, ele age bloqueando a ovulação e, com isso, reduz a produção de hormônios que podem estimular o crescimento do tecido endometrial. Além disso, ele também pode ajudar a regular o ciclo menstrual e, potencialmente, diminuir os sintomas da endometriose.

Vantagens do desogestrel:

  • Início rápido do tratamento: Pode ser iniciado mesmo antes do diagnóstico, proporcionando alívio imediato para as pacientes que apresentam sintomas.
  • Eficácia: Estudos indicam que o uso de desogestrel pode resultar em uma melhora significativa nos sintomas da endometriose, incluindo dor e desconforto pélvico.

SUS vai oferecer dois novos tratamentos hormonais para endometriose: o que muda no atendimento?

A oferta desses tratamentos no SUS representa uma mudança paradigmática no atendimento às mulheres com endometriose. As unidades de saúde públicas têm até 180 dias para se adaptarem e implementarem essas novas opções de tratamento, o que, segundo especialistas, pode ser um divisor de águas na forma como a endometriose é gerida no país.

A evolução do atendimento à endometriose no SUS

Nos últimos anos, o SUS tem demonstrado um esforço significativo em ampliar o atendimento e os recursos para o tratamento da endometriose. Dados recentes revelam um aumento de 30% nos atendimentos na Atenção Primária e uma impressionante elevação de 70% na Atenção Especializada entre 2022 e 2024.

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Além disso, o número de internações também subiu, indicando que mais mulheres estão buscando e recebendo cuidados. Isso não só reflete um aumento na conscientização sobre a endometriose, mas também uma resposta positiva por parte do sistema de saúde em atender essa demanda crescente.

Essa atenção ampliada é crucial, pois muitas mulheres convivem com a dor por anos antes de receber um diagnóstico formal. O acesso a informações e a tratamentos adequados pode reduzir o tempo de sofrimento e melhorar a qualidade de vida dessas pacientes, permitindo que elas voltem a se engajar em atividades diárias.

Critérios para acesso aos tratamentos

Para que as mulheres possam acessar esses novos tratamentos, é fundamental que os protocolos clínicos sejam atualizados. O SUS buscará assegurar que os critérios de elegibilidade para o uso do DIU-LNG e do desogestrel sejam claros e adequados, proporcionando um tratamento equitativo.

Os profissionais de saúde deverão estar bem informados sobre as novas diretrizes e preparados para orientar as pacientes sobre as opções de tratamento, discutindo as vantagens e desvantagens de cada método. Essa abordagem centrada na paciente é vital para garantir que as mulheres se sintam confortáveis e confiantes ao buscar o tratamento que melhor se adeque às suas necessidades.

Perguntas Frequentes

As mulheres que enfrentam a endometriose frequentemente têm dúvidas sobre os novos tratamentos oferecidos pelo SUS. Abaixo estão algumas perguntas comuns que ajudam a esclarecer o assunto.

Quais são os principais sintomas da endometriose?
Os sintomas principais incluem cólicas menstruais intensas, dor pélvica crônica, dor durante a relação sexual, e alterações intestinais ou urinárias.

Como posso acessar o tratamento no SUS?
As pacientes deverão procurar a unidade de saúde mais próxima e solicitar uma consulta com um ginecologista, que pode indicar o tratamento adequado.

O tratamento com DIU-LNG é gratuito?
Sim, a inclusão do DIU-LNG no SUS garante que as pacientes possam ter acesso a esse método sem custos.

Os novos tratamentos têm efeitos colaterais?
Como qualquer tratamento hormonal, os novos métodos podem ter efeitos colaterais, mas cada paciente reagirá de maneira diferente. É importante discutir esses aspectos com um médico.

Qual a duração de cada tratamento?
O DIU-LNG pode ser utilizado por até cinco anos, enquanto o desogestrel deve ser tomado diariamente, conforme prescrição médica.

Quando os novos tratamentos estarão disponíveis?
A previsão é que os novos tratamentos sejam oferecidos em até 180 dias após a publicação da portaria, ou seja, até o final de noviembre de 2024.

Conclusão

A inclusão de novos tratamentos no SUS para endometriose não é apenas uma notícia positiva, mas também uma esperança renovada para milhares de mulheres que passam por essa condição. Ao oferecer opções como o DIU-LNG e o desogestrel, o sistema de saúde brasileiro demonstra um compromisso com a melhoria da qualidade de vida das pacientes e um avanço na abordagem de uma doença muitas vezes negligenciada.

Conscientes de que a endometriose pode afetar não só a saúde física, mas também a saúde mental e emocional das mulheres, é encorajador ver a sociedade e o governo se unindo em prol de soluções que realmente fazem a diferença. Assim, é essencial que as mulheres continuem a buscar atendimento e a se informar sobre suas opções, pois o conhecimento é uma poderosa ferramenta na luta contra a endometriose.