Disfunção erétil deixou de ser tabu? Aumento no tratamento no SUS

Disfunção erétil deixou de ser tabu? SUS apresenta aumento no tratamento

A disfunção erétil (DE) é um tema que, por muito tempo, foi envolto em tabus e preconceitos. Nos últimos anos, no entanto, essa realidade começou a mudar de forma significativa. A crescente busca por tratamentos e pela desmistificação desse problema de saúde masculino indica que os homens estão, aos poucos, se sentindo mais à vontade para abordar questões que afetam sua vida sexual e, consequentemente, sua saúde emocional e física. O SUS (Sistema Único de Saúde) teve um aumento notável nos atendimentos relacionados à disfunção erétil, refletindo uma percepção de que esse é um desafio que deve ser enfrentado como qualquer outra condição médica.

Estudos recentes mostram que os atendimentos ambulatoriais de casos de impotência sexual no SUS praticamente dobraram nos últimos cinco anos. Por exemplo, entre 2019 e 2024, o número de procedimentos cresceu de 1.015 para 1.814 apenas em atendimentos ambulatoriais. Isso mostra que mais homens estão buscando auxílio médico em vez de enfrentar o problema sozinhos. Em um mundo onde a saúde mental e física está ganhando mais destaque, é importante entender por que essa mudança está ocorrendo e como isso impacta a vida dos homens.

Evolução dos casos de disfunção erétil

A análise dos dados referentes ao atendimento de disfunção erétil revela um panorama encorajador. Enquanto em 2019 houve um total de 1.015 procedimentos ambulatoriais, em 2023 esse número saltou para 1.847. Essa sucessão de aumentos evidencia uma mudança de paradigma em relação ao cuidado com a saúde sexual masculina. De fato, este crescimento não se limita a um período específico; as variações entre os anos são um testemunho do crescente reconhecimento e da valorização dessa condição.

Ano Procedimentos Ambulatoriais Procedimentos Hospitalares
2019 1.015 248
2020 547 152
2021 1.075 188
2022 1.221 239
2023 1.847 271
2024 1.814 379

Os dados apresentados pela tabela revelam que, apesar de uma queda em 2020, ano marcado pela pandemia de Covid-19, a tendência de alta se manteve, mostrando que, independente das circunstâncias, os homens estão mais dispostos a procurar ajuda. Essa evolução sugere uma nova iniciativa para quebrar os estigmas associados à disfunção erétil, lembrando que riscos como doenças cardiovasculares e diabetes podem ser precursores desse problema.

O que explica o aumento no atendimento de casos de disfunção erétil?

Vários aspectos contribuem para este aumento nos atendimentos relacionados à disfunção erétil. Primeiramente, um dos fatores mais preponderantes é a longevidade crescente da população. À medida que as pessoas vivem mais, a qualidade de vida na terceira idade torna-se uma prioridade, e isso inclui a saúde sexual. Os homens estão cada vez mais reconhecendo que a disfunção erétil não precisa ser uma parte inevitável do envelhecimento.

Adicionalmente, a internet e os meios de comunicação têm desempenhado um papel fundamental na disseminação de informações. Antes, muitos homens se sentiam isolados e constrangidos por suas dificuldades. Contudo, com a proliferação de conteúdo acessível e desmistificador sobre sexualidade, esses indivíduos se sentem mais seguros para buscar auxílio. Há também um parecer clínico que aponta a crescente prevalência de condições associadas, como obesidade e doenças mentais, que se interligam à disfunção erétil.

O urologista Rafael Ambar, do Hospital do Servidor Público Estadual de São Paulo (HSPE), elucida essa declaração ao afirmar: “A obesidade, a síndrome metabólica e as doenças mentais são fatores associados à disfunção erétil, aumentando a necessidade de busca por tratamentos adequados.”

Como identificar a disfunção erétil e buscar ajuda

A disfunção erétil é definida como a incapacidade de atingir ou manter uma ereção adequada para a atividade sexual. Esse é um problema mais comum do que muitos homens acreditam e pode afetar até 50% dos brasileiros acima de 40 anos, segundo a Sociedade Brasileira de Urologia (SBU). As causas variam, mas os problemas circulatórios são frequentemente citados como os principais responsáveis.

Um dado alarmante apresentado pelo Dr. Ambar é que os sinais da disfunção erétil podem surgir até cinco anos antes de outros sintomas de doenças mais sérias, como infarto. Ele salienta que “as artérias do pênis são menores do que as do coração, o que faz com que o problema se manifeste antes.”

Os sintomas incluem a dificuldade em ter ereções, problemas de ejaculação e orgasmo. Além disso, fatores como colesterol alto, diabetes, pressão alta e tabagismo desempenham um papel crucial. Estes elementos, exacerbados por um estilo de vida sedentário e uma alimentação inadequada, aumentam o risco de disfunção erétil.

A saúde emocional também é um fator determinante. Questões de ansiedade, depressão e problemas de relacionamento podem levar a uma disfunção erétil psicogênica. Informações levantadas pelo Dr. Ambar indicam que cerca de 75% dos casos de disfunção erétil nos homens com até 45 anos têm essa origem.

Apesar de menor, o estigma persiste

Embora haja uma redução notável no estigma associado à disfunção erétil, ainda é um tema que carrega preconceitos. O que se observa é que muitos homens ainda sucumbem à pressão social para manter uma imagem de força e virilidade, o que pode dificultar a busca por ajuda. Essa pressão muitas vezes leva a um ciclo de vergonha e isolamento.

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O Dr. Ambar observa que “o homem moderno, frequentemente, sente a cobrança de manter um perfil másculo e pode ver a disfunção erétil como um fracasso pessoal.” Para muitos, discutir esses problemas com médicos ainda representa um desafio, mesmo em tempos de maior conscientização.

Um caminho para diminuir esse estigma envolve o apoio das parceiras(os) e uma mudança nas expectativas sociais. Encorajar uma conversa aberta sobre a saúde sexual é fundamental, assim como a aceitação de que a disfunção erétil é uma questão de saúde, não de virilidade.

Como é feito o tratamento

O tratamento da disfunção erétil é multifacetado e pode incluir desde mudanças nos hábitos de vida até intervenções médicas mais complexas. Em muitos casos, o primeiro passo envolve orientações sobre a importância de manter hábitos saudáveis, como exercício regular e alimentação balanceada.

“Psicoterapia também pode ser benéfica, especialmente para aqueles cujas dificuldades têm uma base emocional,” sugere o Dr. Ambar. Medicamentos orais são frequentemente prescritos e demonstraram ser bastante efetivos, com baixos índices de efeitos colaterais. Se essas opções não apresentarem resultados, existem alternativas, como injeções que podem ser administradas diretamente no pênis antes da relação sexual ou, em casos mais extremos, implantes penianos.

O importante é que os homens não ignoram os sinais. Reconhecer e tratar a disfunção erétil não é apenas crucial para a saúde sexual, mas também para a saúde emocional e relacionamentos, enriquecendo a qualidade de vida. O cuidado deve ser integral, visto que a disfunção erétil afeta diretamente a autoestima, levando muitos a níveis elevados de estresse e depressão.

Perguntas frequentes sobre disfunção erétil

Disfunção erétil é uma condição comum?
Sim, a disfunção erétil é uma condição comum que afeta muitos homens, especialmente depois dos 40 anos.

Quais são as principais causas da disfunção erétil?
As causas podem incluir problemas físicos como doenças cardiovasculares, diabetes, obesidade, e fatores emocionais como estresse e ansiedade.

Como posso descobrir se tenho disfunção erétil?
Se você está tendo dificuldades persistentes em obter ou manter uma ereção, é importante consultar um médico.

Quais são as opções de tratamento disponíveis?
O tratamento pode incluir mudanças de estilo de vida, terapia, medicamentos orais e, em casos severos, injeções ou implantes penianos.

A disfunção erétil tem cura?
Muitas vezes, a disfunção erétil pode ser tratada com sucesso, mas isso depende da causa subjacente. A consulta com um médico é fundamental.

Por que a disfunção erétil é considerada um tabu?
Ainda existe um estigma social que associa a virilidade à capacidade sexual, o que pode fazer com que muitos homens hesitem em buscar ajuda.

Conclusão

Ao longo dos últimos anos, a sociedade começou a romper as barreiras que cercam a disfunção erétil. A crescente procura por tratamento no SUS demonstra que meninos, jovens e homens adultos estão cada vez mais dispostos a abordar essa questão de saúde pública de uma forma aberta e consciente.

A mudança do paradigma que transforma a disfunção erétil apenas em um problema de saúde íntima para uma questão de saúde integral tem um impacto positivo não só na vida sexual de um homem, mas em sua saúde mental e emocional como um todo. É notável observar como a informação e o diálogo têm o poder de aliviar o peso do estigma, permitindo que mais homens busquem ajuda.

Falar sobre disfunção erétil não deve ser visto como um sinal de fraqueza, mas como um passo importante em direção à saúde e ao bem-estar. Ao verbalizar essas preocupações, os homens não apenas cuidam de suas vidas sexuais, mas investem no fortalecimento de relacionamentos e na sua própria qualidade de vida.